HISTÓRICO E DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA

O capim-piatã é uma Brachiaria brizantha selecionada após 16 anos de avaliações pela Embrapa, a partir de material coletado na década de 1980, na região de Welega, na Etiópia, África. É uma planta de crescimento ereto e crespitosa (forma touceiras) de porte médio e com altura entre 0,85 m e 1,10 m. Apresenta colmos verdes e finos (4 mm de diâmetro). As bainhas foliares têm poucos pêlos, e a lâmina foliar é glabra (sem pêlos) medindo até 45 cm de comprimento e 1,8 cm de largura. A lâmina é áspera na face superior e tem bordas serrilhadas e cortantes. Apresenta ainda perfilhamento aéreo. Sua inflorescência se diferencia das atuais cultivares disponíveis de B. brizantha por apresentar maior número de racemos (até 12), quase horizontais, com pêlos longos e claros nas bordas e espiguetas sem pêlos e arroxeadas no ápice. Suas sementes são menores que as da B. brizantha cv. Xaraés.


PRODUTIVIDADE DE FORRAGEM

O capim-piatã pode ser cultivado na Amazônia Legal (norte de Mato Grosso, Tocantins, Rondônia, Acre e sul do Pará), e em regiões com estação seca de até 5 meses dos estados das regiões Centro-Oeste e Sudeste, além das áreas de Mata Atlântica e de cerrado da Bahia. Possui boa produção de forragem, e em parcelas sob corte, em solos de média fertilidade e sem adubação de reposição em Mato Grosso do Sul produziu em média 9,5 t/ha de matéria seca com 57% de folhas, sendo 30% dessa produção obtida no período seco. Comparada com o capim-marandu destacou-se pela elevada taxa de crescimento e disponibilidade de folhas sob pastejo. O teor médio de proteína bruta nas folhas foi de 11,3% e a média anual de digestibilidade in vitro da matéria orgânica de 58%. O capim-piatã apresenta rebrota mais rápida do que o capim-marandu. Em Campo Grande, em solos de fertilidade média, as taxas de acúmulo de massa seca de folhas nos períodos de água e seca, foram respectivamente, de 53,6 e 8,3 kg/ha/dia para o capim-piatã, superiores aos 47,8 e 6,70kg/ha/dia, do capim-marandu. Em ensaio sob condições semicontroladas, em casa-de-vegetação, o capim-piatã apresentou tolerância intermediária ao alagamento do solo, tendo desempenho semelhante ao capim-xaraés, porém superior ao capim-marandu.


RESISTÊNCIA A PRAGAS

Em ensaios sob condições controladas em casa de vegetação, o capim-piatã apresentou resistência às cigarrinhas típicas de pastagens, Notozulia entreriana e Deois flavopicta por determinar menor sobrevivência ninfal. O mesmo não foi constatado, no entanto, quanto à cigarrinha-de-cana, Mahanarva fimbriolata. Tal fato limita sua utilização extensiva em áreas com histórico de problemas com cigarrinhas do gênero Mahanarva. Em observações quanto aos níveis populacionais em condições de campo, constatou-se, neste capim, baixa infestação e danos moderados ao ataque do adulto.

O capim-piatã mostrou-se moderadamente resistente à ferrugem causada por Puccinia Levis Var. panicisanguinalis. Apresentou suscetibilidade a uma doença fúngica (carvão) nas sementes, causada por Ustilago operta. A ocorrência está estreitamente relacionada às condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento do fungo (alta pluviosidade e umidade relativa do ar elevada durante o florescimento). Quanto a outras doenças, ainda não foram registradas limitações, tanto na parte aérea quanto em raízes. O capim-piatã mostrou-se, também, tolerante a fungos foliares e de raiz, possuindo maior tolerância a solos úmidos que a cv. Marandu.


EXIGÊNCIA EM CALAGEM E ADUBAÇÃO

O capim-piatã é indicado para solos de média fertilidade, à semelhança dos capins marandu e xaraés e situando-se em uma posição intermediária entre a B. decumbens cv. Basilisk e cultivares de Panicum maximum quanto a esse aspecto. A quantidade de corretivos e de fertilizantes deve sempre se basear na análise química do solo. O capim-piatã possui taxa de crescimento mais elevada que a do capim-marandu em solo com saturação por bases entre 35% e 60%. Recomenda-se a aplicação de calcário suficiente para elevar a saturação por bases do solo ao mínimo de 40%. Adapta-se bem em solos arenosos de média fertilidade. Quando comparada a outras cultivares de B. brizantha (Marandu e Xaraés), o capim-piatã responde mais à adubação fosfatada. Para as fases de recria e engorda de bovinos recomenda-se aplicações de 75 kg/ha/ano de nitrogênio. Recomenda-se ainda que, na fórmula de adubação, ou em aplicação isolada, sejam incluídos 30 kg/ha de enxofre. Com relação aos micronutrientes, recomenda-se a aplicação de 40 a 50 kg/ha de uma fórmula de FTE que contenha zinco, cobre e moliodênio, para um período residual de 3 a 4 anos.


PLANTIO

O plantio convencional deverá ser realizado em época de chuvas bem distribuídas, como meados de novembro até fevereiro nos cerrados de Mato Grosso do Sul. O preparo do solo é o mesmo utilizado para a formação de outras pastagens de brachiária, utilizando-se taxa de semeadura de no mínimo 2,5 kg/ha de sementes puras viáveis (valor cultural de 100%), numa profundidade entre 2 e 5 cm. O plantio a lanço em superfície pode ser adotado com o uso de maiores taxas de semeadura. Tal compensação deve ocorrer também quando houver condições subótimas de preparo de solo, controle de invasoras e de épocas de plantio. A operação de incorporação das sementes com uma grade leveou o uso de rolo compactador favorecem a emergência de plântulas.


MANEJO E PRODUÇÃO ANIMAIS

Em avaliação realizada em Campo Grande, MS, num regime de pastejo alternado, com ampla oferta de forragem para os novilhos ao longo das estações (três anos), o ganho de peso diário dos animais na estação chuvosa foi semelhante entre os capins pista e marandu, que superaram ao do capim-xaraés. Na estação seca, o desempenho diário dos animais foi semelhante entre as cultivares. Por sua vez, o capim-xaraés proporcionou ao longo das estações as maiores taxas de lotação (número de cabeças/área), o que resultou em maior produtividade anual (kg de peso vivo/ha/ano). A produtividade anual de carne não diferiu entre o capim-piatã e o capim-marandu. Todavia, como o capim-piatã apresenta características agronômicas e adaptativas diferenciadas, esta cultivar é recomendada para a diversificação das pastagens em vários ambientes de cultivo, como alternativa à cv. Marandu.

Nos três anos de avaliação, o capim-piatã destacou-se pela elevada taxa de crescimento foliar, disponibilidade de folhas sob pastejo e valor nutritivo. Apesar dos ganhos de peso diários semelhantes entre o capim-marandu e o capim-piatã, este último produziu, em média, 45 kg/ha/ano de peso vivo a mais do que o capim-marandu.

As avaliações apontam o capim-piatã como uma opção para a diversificação das pastagens, apresentando como vantagens sobre o capim-marandu e/ou capim-xaraés:

- Produção de forragem de melhor qualidade;

- Maior acúmulo de folhas;

- Maior tolerância a solos com má drenagem que o capim-marandu;

- Maior resistência à cigarrinha-das-pastagens (Deois e Notozulia) do que o capim-xaraés.

FONTE: EMBRAPA GADO DE CORTE






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